Até o final do século XIX, com o predomínio da Física Newtoniana, imaginávamos fazer parte de um universo compacto, no qual o tempo era invariável e os eventos futuros dependiam estritamente do encadeamento de fatos passados. Com o advento da Teoria da Relatividade de Einstein nas primeiras décadas do século XX, adentramos um mundo até então ignorado, onde o espaço é curvo, o tempo variável e a matéria mera ilusão porque ela (a matéria) em última análise é sempre condensação de energia (E=mc2). Até 1927, os “pacotes” de Max Planck, os “saltos quânticos” de Niels Bohr, o princípio da incerteza de Heisenberg e a visão de Louis de Broglie, observando a matéria ora como onda, ora como partícula, completaram a devastação do mundo a moda antiga, de tal maneira que os investigadores da matéria perderam o seu referencial de trabalho. Com o avanço da Tecnologia, foi possível demonstrar que, mesmo não sendo observáveis, partículas surgem não se sabe de onde e vão para lugar ignorado, velozmente, do nada, do vácuo, o tempo todo, como se saíssem de uma realidade implícita para a explícita, tão reais quanto as matérias sólidas a nossa volta.
No mundo do infinitamente pequeno, as probabilidades variam incessantemente, reconhecendo-se que o observador interfere no campo observado e que existe um entrelaçamento entre as partículas de tal ordem, como se formassem uma imensa teia invisível, na qual a comunicação entre elas se fizesse permanentemente, sem necessidade de se levar em conta o fator espacial. O mundo macroscópico para o qual as lentes dos nossos olhos estão ajustadas representa muito pouco do que se passa a nossa volta e o que dizer da energia e da matéria escura, que constituem juntas 95% de tudo o que existe no universo e de cuja natureza sequer suspeitamos?
Assim, a Física Quântica tem enorme contribuição a dar na resolução do Enigma da Consciência e da ação do espírito sobre a matéria e isto porque o novo paradigma (o espiritual) não concebe a consciência como produto das reações físico-químicas do cérebro. As Ciências Biológicas até então pareciam pertencer estritamente ao campo das Ciências Exatas e negavam a existência de qualquer elemento extra-físico entre os componentes celulares e moleculares, creditando aos genes (descobertos em 1953 por Watson e Crick) a grande diversidade humana.
Com o fim da primeira parte do projeto Genoma (junho/2000 a fevereiro de 2001) descobriu-se que o número de genes da espécie humana difere muito pouco do existente no genoma de um rato e quase nada (cerca de 0,3%) do genoma de um chimpanzé. Onde estaria a diferença entre ratos e homens?
É muito difícil aceitar o mecanismo simplista pelo qual átomos se transformam em seres humanos, sem que se admita a existência neles de algo extra-físico que prepondera sobre a matéria e comanda todo o processo evolutivo. Felizmente, já há uma corrente valorosa de cientistas destemidos que não só admitem a saga evolutiva dos seres vivos conforme a Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin e Russel Wallace, como também apresentam argumentos científicos sólidos sobre a existência de um planejamento inteligente, comandado pela inteligência das Inteligências, que está na base da sua organização. É o caso do Dr. Michael Behe, bioquímico da Universidade da Pensilvânia, autor do livro A Caixa Preta de Darwin, onde ele apresenta sólidos argumentos a favor da presença de Deus nos seres vivos.
Por enquanto, para a maioria dos profissionais da área méédica, a visão do mundo e do próprio Homem continua sendo materialista-reducionista, sem as luzes do pensamento sistêmico e das recentes conquistas da Ciência e, por isso, continuam praticando a medicina do corpo. Mas cada vez mais, minorias criativas buscam a integração entre fé e razão, tendo em vista que é impossível compreender o Mundo, o Universo e o próprio ser humano sem as luzes de um modelo (paradigma) que contemple todas as áreas das cogitações humanas. Nesse novo tempo, especialistas passaram a enxergar o ser humano de forma integral, conectado a uma imensa rede invisível que engloba todas as coisas do micro ao macrocosmo e não tem nenhum pudor em reconhecer a complementaridade entre ciência e religião, valorizando a integração da espiritualidade a vida humana.
Foi assim que na década de 1970 uma dessas minorias criativas ganhou impulso para implantar nas universidades estudos de saúde e espiritualidade. Já há cursos regulares ou opcionais e também pós-graduação em dois terços das Universidades Norteamericanas (entre elas, escola médicas de Harvard, Duke e Novo México). Aqui no Brasil também já existem minorias criativas que tentam levar a espiritualidade as universidades (desde outubro de 2006 existe na Faculdade de Medicina da UFMG a disciplina optativa de Saúde e Espiritualidade).
Hoje, com o progresso vertiginoso da Ciência e igualmente o aumento maciço das doenças da alma (por exemplo, depressão), é imperioso que esses cursos de Saúde e Espiritualidade se multipliquem nas escolas médicas do mundo. A mudança de mentalidade, porém, não é fácil. Há três séculos, a ênfase tem sido para a visão de um ser humano em conflito, dividido entre as investigações científicas e a busca religiosa, consideradas e alimentadas como irreconciliáveis. Esse paradigma antigo, materialista-reducionista, está calcado no predomínio do egoísmo sobre o amor, do intelecto sobre o sentimento e tem sido responsável pelo recrudescimento da violência, da ambição sem freios, dos vícios, da intolerância religiosa e das grandes desigualdades e calamidades sociais. Nesse paradigma antigo, o ser humano é reduzido tão somente às funções neuroquímicas do cérebro, destituído de qualquer elemento imaterial que anime suas células. Com esse modelo não haverá paz no mundo.
Contra este modelo antigo, coloca-se o movimento em prol da Integração entre medicina e espiritualidade, detonado em todo o mundo. Com a preponderância deste último modelo que tem na solidariedade um de seus importantes pilares, os médicos estarão muito mais aptos a lidar com a dor humana, diminuindo as angústias dos seus irmãos em humanidade e os profissionais das áreas da Saúde estarão muito mais em paz consigo mesmos.
(Marlene Nobre – Apresentação no Livro Saúde e Espiritualidade 1 – Uma nova visão da Medicina).
Marcus Sant’Anna é médico-cirurgião geral e voluntário no Grupo Cândida.
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